Mulher, entre 60 e 69 anos, com ensino fundamental incompleto, moradora na Região Sul do município. Este é o perfil da pessoa idosa mais vulnerável à violência em Campinas, de acordo com os dados que a Prefeitura divulgou por ocasião do Junho Violeta. O mês é dedicado a ações sobre o tema, em razão da lembrança, a 15 de junho, do Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A Prefeitura de Campinas produziu um hotsite exclusivo sobre a temática, com várias informações que permitem configurar a geografia da violência contra idosos no município.
A Região Sul é, de fato, aquela com o maior número de casos de denúncias de violência contra idosos, segundo dados do Sistema de Notificação de Violências (Sisnov). De janeiro de 2020 a maio de 2021, a Região Sul respondeu por 26,2% das notificações de violência contra idosos em Campinas, seguindo-se as regiões Leste (25,4%), Sudoeste (24,6%), Noroeste (15,9%) e Norte (7,9%).
As regiões Leste (onde estão bairros residenciais de alto padrão como Alphaville, Nova Campinas, Paineiras, Santa Marcelina, Gramado, Hípica, Taquaral, Primavera, Distritos de Sousas e Joaquim Egídio e outros com menores faixas de renda), com 29%, e Sul (compreende bairros como Jardim Proença, Jardim Princesa D´Oeste, Jardim Guarani, São Bernardo, Ponte Preta, Parque Prado, Jardim Leonor e Nova Europa), com 27%, são os territórios com maior concentração de pessoas idosas em Campinas.
Nestas regiões, portanto, está concentrada a população idosa mais vulnerável à violência no município, de acordo com os dados do Sisnov. A Região Norte (engloba os distritos de Barão Geraldo e Nova Aparecida, a região dos Amarais, do Chapadão e do Jardim Aurélia) soma 20% dos idosos e as regiões Sudoeste (área dos bairros Jardim Santa Lúcia e Jardim Ouro Verde) e Noroeste (abriga os bairros Jardim Londres, Vila Castelo Branco e Jardim Garcia) concentram, respectivamente, 13% e 11% da população idosa local, de acordo com os dados do Censo de 2010, que podem estar de alguma forma defasados.
Com 80% dos casos, as mulheres são as maiores vítimas de violência contra idosos em Campinas. Os maiores agressores são os filhos (25%), o esposo (19%) e as filhas (14%). Dados confirmando o padrão observado em todo Brasil e outros países, segundo o qual a residência é o lugar mais perigoso para a pessoa idosa vítima de violência, mulheres em sua maioria.
Ainda pelos dados do Sisnov, as principais modalidades de violência contra a pessoa idosa no município são a violência física (37%), negligência (34%) e psicológica (25%). O hotsite da Prefeitura também contempla materiais de divulgação, cartilhas, endereços sobre serviços à disposição dos idosos e telefones úteis em caso de denúncia de violência contra a pessoa idosa.
“Trata-se de um público em condição de vulnerabilidade, muitas vezes alvo de maus-tratos dentro de sua própria residência. O propósito é conscientizar a população sobre o problema e apresentar instrumentos para combatê-lo. A Prefeitura de Campinas oferece vários serviços para acolher os nossos idosos e contribuir para a qualidade de vida dessa população”, comenta a secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, Vandecleya Moro, sobre o hotsite lançado pela Prefeitura Municipal.
“É preciso romper o ciclo do abuso e violência entre gerações. Temos de fazer do convívio uma experiência de afeto e sensibilidade”, acresenta Vandecleya Moro.
Sobre a data
O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa foi oficializado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2011, em resposta a demanda da Rede Internacional de Prevenção ao Abuso de Idosos (INPEA), que em junho de 2006 estabeleceu o Dia Mundial.
Neste ano, a data é cercada de circunstâncias especiais. Este é o segundo ano em que a data será lembrada durante a pandemia de Covid-19, que tem provocado óbitos em massa de idosos ao redor do mundo. Durante a pandemia, ficou igualmente evidente o fortalecimento do idadismo contra a pessoa idosa.
Outro tema relevante neste ano é a controvérsia sobre a inclusão da velhice como doença na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS). A estimativa é que essa inclusão ocorra na 11º edição do CID, prevista para ser publicada em janeiro de 2022, com a deliberação tornando-se oficial em um prazo de dois anos.
Essa proposta vem sendo combatida por organizações em todo o planeta, pelo retrocesso histórico na discussão de propostas pela conquista do envelhecimento ativo. O movimento #Stopidadismo promoveu várias ações para marcar o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, com ênfase no combate ao idadismo e na crítica à proposta em discussão na OMS.