Foto: Vlada Karpovich no Pexels.

O IDADISMO E A SEXUALIDADE DOS IDOSOS

Artigo originalmente publicado pela Revista ENVELHECER, de Portugal, nosso parceiro no compartilhamento de conteúdo exclusivo.

Por Joana Faia

Quando imaginamos um idoso pensamos inevitavelmente numa pessoa com um corpo envelhecido, possivelmente até de bengala, em casa e rodeados de netos. Quando alargamos a imaginação ao amor na Terceira Idade, aí o idadismo instala-se.

O Homem é um ser sexuado, seja na adolescência, idade adulta ou na terceira idade. Embora um corpo envelhecido seja visto aos olhos da sociedade como um corpo deteriorado e socialmente inútil, o processo de envelhecimento não nos tira nenhuma característica, pode sim alterá-las, deteriorá-las ou aprimorá-las.

As mudanças físicas, sociais e emocionais que acompanham o processo de envelhecimento podem levar à diminuição da libido. A queda dos níveis de testosterona que ocorre nos homens pode levar a disfunções sexuais, entre as quais a diminuição da libido e transtornos de ereção, ocasionando a diminuição da atividade sexual. Na mulher, a secura vaginal consequente da alteração hormonal que acompanha a menopausa, bem como a alteração da mucosa vaginal que se torna mais fina, podem levar ao desconforto durante o ato sexual e consequentemente à não procura pelo sexo.

O preconceito de que as pessoas idosas se tornam seres assexuados, que não praticam sexo, está entre os fatores que mais influenciam negativamente a autoestima, a autoeficácia e autoconfiança dos próprios idosos.
Foto: Vlada Karpovich no Pexels.

Porém mais do que os fatores intrínsecos ao envelhecimento que interferem com a sexualidade do idoso estão os fatores extrínsecos: fatores emocionais como a ansiedade e o stress causado pelos problemas financeiros, problemas familiares, a saída da própria habitação para um lar ou para a casa dos filhos.

Para além desses, a ideia de que o ato sexual não vai ser igualmente prazeroso, a ideia de falhar para com o parceiro, o medo de não atrair o parceiro pelas mudanças que aconteceram no próprio corpo, o medo de não atingir o orgasmo.

Fatores culturais e sociais como a ideia estereotipada de que os idosos se tornam inativos em todas as suas capacidades e o próprio preconceito de que os idosos se tornam seres assexuados, que não praticam sexo, são os fatores que mais influenciam negativamente a autoestima, a autoeficácia e autoconfiança dos próprios idosos. Além do que, tornam o assunto como tabu, levando à não procura de ajuda quando o casal idoso quer manter a atividade sexual saudável.

A prática de atividade sexual, a vivência da sexualidade em todo o seu domínio é importante em qualquer etapa da vida do ser humano. É necessário falar sobre as alterações que acontecem, mas sem tabus, de forma a que os idosos entendam as suas limitações e mudanças para redefinir novas formas de prazer coerentes com sua realidade física e psicológica.

Este é o desafio (segundo a OMS, 1992): compreender que a sexualidade deve ser encarada como “uma energia que nos motiva a procurar amor, contato, ternura e intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”.

JOANA FAIA é enfermeira, mestranda em Enfermagem de Reabilitação em Portugal e colaboradora da revista Envelhecer.

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