Cidades precisam acolher melhor seus idosos.
Cidades precisam acolher melhor seus idosos. Imagem de Daniel Nebreda por Pixabay.

Os desafios de envelhecer na cidade

A necessidade de tornar os centros urbanos mais amigáveis aos idosos, a fim de adequar suas estruturas e serviços para o crescente envelhecimento populacional, é o tema do artigo que dá sequência ao painel de ideias promovido pelo Portal LongeviNews. A iniciativa buscar trazer uma visão intersetorial e multidisciplinar da longevidade por meio da reflexão sobre a situação das pessoas idosas e a respeito das mudanças necessárias nas políticas públicas voltadas à Terceira Idade capazes de proporcionar um envelhecimento ativo e saudável.

Por José Alberto Macedo Nogueira

As metrópoles brasileiras estão preparadas para o desafio de acolher de forma autônoma e sustentável os cidadãos da Terceira Idade?

O Brasil está envelhecendo. Segundo o IBGE, a cada ano 600 mil idosos são incorporados à população. Em 2025, seremos o sexto país mais velho do mundo, o que significa que um em cada quatro brasileiros terá mais do que 60 anos.

Uma profunda reflexão sobre longevidade e a urbanização mais adequada para acompanhar essa transformação soa como um dos desafios para este século.

Um comportamento saudável e a participação social podem favorecer a melhora da autoestima entre os idosos. Desagrada aos idosos ter a sua imagem associada a uma pessoa solitária, dependente e frágil física e emocionalmente.

Quando a cidade não oferece uma estrutura acolhedora, ocorre o isolamento amedrontado, a inatividade e a exclusão social. Uma gama de oportunidades de participação social estimula relações sociais fortes e dá poder às pessoas. A valorização do idoso é reforçada por uma cultura que o reconhece, o respeita e o inclui.

De acordo com o “Guia Global: Cidade Amiga do Idoso”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), elaborado a partir de entrevistas com idosos de 33 países, os espaços urbanos hoje deveriam levar em conta as preferências e necessidades ligadas ao envelhecimento, a proteção dos idosos mais vulneráveis, a inclusão do idoso na vida comunitária – reconhecendo as capacidades e recursos dessa população e, o respeito às decisões e ao estilo de vida adotado por eles.

Isso porque os idosos, em particular, precisam de ambientes que os apoiem e os capacitem para compensar as alterações físicas e sociais decorrentes do envelhecimento.

As recomendações da OMS partem do conceito de envelhecimento ativo, que reflete: como fatores econômicos, sociais, comportamentais e pessoais atuam em conjunto ou isoladamente em relação aos ambientes físicos e aos serviços sociais e de saúde para favorecer a participação do idoso na sociedade; e como a perspectiva não é cuidar do velho somente, mas do envelhecimento como um todo no decorrer da vida, uma cidade acaba sendo amistosa a todas as idades.

A realidade atual é, contudo, ainda distante desse cenário. Segundo o levantamento da OMS, tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento as pessoas têm a percepção de que sua cidade não foi planejada para idosos. Em muitas regiões, há menção às barreiras físicas que desestimulam os idosos a saírem de casa, seu porto seguro.

Uma cidade que favorece o idoso enfatiza a sua autonomia. Ela tem banheiros públicos em número suficiente, meios-fios rebaixados e rampas de acesso a prédios, sinais de trânsito em cruzamentos de pedestres com tempo suficiente para a travessia.

Urbanistas e governantes já começam a se conscientizar da importância dessa questão, pois já há legislação específica.

As necessidades mais recorrentes dos idosos que vivem em centros urbanos vão desde questões financeiras até a orientação social e atendimento psicológico. As mais urgentes referem-se ao transporte adequado e acessível, redimensionamento do espaço público, que facilitaria o trânsito dos idosos nas ruas, e à prioridade nos atendimentos, tanto nos serviços de saúde como de assistência e previdência social, incluindo a acessibilidade, agilidade e resolutividade. Nada excepcional e que não constitua um direito fundamental de cada cidadão, seja idoso ou não.

A educação ou o aprender para o idoso tem outro sentido e objetivo. Procura-se a escola não mais para obtenção de diploma e sim para estabelecer canais de comunicação com a sociedade. A educação é um caminho de reintegração social, dado que a perda de funções deixa o idoso com um mínimo de alternativa de atuação social.

“Quando a cidade não oferece uma estrutura acolhedora, ocorre o isolamento amedrontado, a inatividade e a exclusão social. Uma gama de oportunidades de participação social estimula relações sociais fortes e dá poder às pessoas”.

A questão da acessibilidade não é pertinente apenas aos deslocamentos fora de casa. Dentro de casas, prédios e shoppings é preciso ter mais elevadores do que escadas rolantes, pois muitas vezes elas estão em ritmo acelerado e causam tonturas e transtornos para essa população. As rampas não podem ser muito longas, e as portas e corredores precisam ser amplos. Já a escadaria não deve ser inclinada, e os pisos têm de ser antiderrapantes.

Tornar plenamente acessível esta nossa grande metrópole é um enorme desafio econômico, técnico e, principalmente cultural. Não apenas as ruas e equipamentos públicos, como escolas e hospitais, devem ser adaptados. A iniciativa privada também precisa entender a importância de respeitar quem depende de condições especiais de acesso.

O desenho, a localização, as condições das paradas e das estações de transporte público e as vagas de estacionamento específicas para idosos e deficientes situadas próximas aos prédios, em conjunto com áreas de embarque e desembarque, são consideradas características amigáveis aos idosos. Embarcar e desembarcar de veículos é um grande problema apontado pelo usuário de terceira idade. A superlotação do transporte público, especialmente nas horas de pico, também representa um problema de segurança para os idosos. A realidade é que, na maioria dos casos, os idosos que dependem do transporte ainda precisam programar suas atividades fora do horário de pico.

Sobre as moradias destinadas à população idosa nas grandes cidades, que visam favorecer a integração permanente dos idosos na comunidade, são diversas as criticas aos modelos atuais.

Nos últimos anos o desejo de viver intensamente e com mais cidadania moveu os idosos a tornaram-se mais participantes, contribuindo com suas ideias nas discussões sobre problemas do bairro, da cidade e da nação. A Terceira Idade se mobilizou na defesa de seus direitos e, como importante saldo desse movimento, se organizou em conselhos municipais e estaduais.

Uma mensagem consistente dos idosos moradores das cidades de todo o mundo no levantamento da OMS foi a de que a participação social é mais fácil quando as oportunidades são muitas e estão perto de onde se mora.

José Alberto Macedo Nogueira, 68 anos, casado, aposentado, atua como dirigente de instituição de assistência social e conselheiro no Conselho Municipal do Idoso de Campinas.

  1. Parabéns pela matéria e também ao JOSÉ ALBERTO meu amigo BETO como é conhecido no Conselho em que também sou conselheiro. Tudo que foi colocado na reportagem é a mais pura verdade e falta vontade política dos executivos municipais, estaduais e federais para a solução desse problema crescente pois acham que velho não dá voto e então fica como está. Mas tudo que foi publicado pode-se resumir em ” VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO” crime previsto no Estatuto do Idoso.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia Mais
Governo federal desfigura Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa