Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem quatro municípios entre os mais bem preparados para o envelhecimento de seus moradores.
Quatro municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) aparecem entre as principais cidades do Brasil onde há melhores condições de vida para idosos: Americana e Campinas na categoria dos vinte grandes municípios; e Jaguariúna e Vinhedo entre as 40 principais pequenas cidades.
Denominado Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), o indicador divulgado esta semana foi elaborado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – instituição sem fins lucrativos, mantido pelo Grupo Mongeral Aegon, multinacional do segmento de seguro de vida e previdência – que busca discutir os impactos sociais e econômicos do aumento da expectativa de vida no Brasil.
De acordo com informações divulgadas pela Instituição, o estudo concentrou-se na classificação das 1.000 cidades mais populosas do Brasil, organizadas em dois subgrupos: as chamadas Grandes, representadas pelas 300 cidades brasileiras com maior número de habitantes; e as Pequenas, representadas pelas demais 700.
Indicadores de classificação
A avaliação foi elaborada a partir de sete variáveis de desempenho dessas cidades: indicadores gerais (como desemprego, expectativa de vida e violência); cuidados de saúde; bem-estar; finanças; habitação; educação e trabalho; cultura e engajamento.
Conforme explica o documento, cada variável é baseada em múltiplos indicadores no nível municipal, tendo sido selecionados 50 indicadores no final do processo de construção do IDL 2020. Os organizadores do estudo observam que, devido à indisponibilidade de indicadores, a quantidade final de cidades avaliadas em cada subgrupo foi de 280 grandes e 596 pequenas, totalizando 876 municípios efetivamente avaliados.
Os resultados permitiram classificar as cidades mediante três rankings do IDL: um para o envelhecimento da população em geral, um para as pessoas com idade entre 60 e 75 anos e um para as pessoas acima dos 75 anos.
Gestão financeira
Ainda segundo os organizadores, esta nova versão atualizada do IDL, criado em 2017, traz avanços na classificação dos municípios. Exemplo disso é a inclusão do indicador “Transparência da Gestão Municipal” na variável sobre finanças. A lógica da inclusão desse indicador é que quanto mais transparente for a gestão municipal, melhor será a distribuição dos recursos públicos e, portanto, maior o bem-estar gerado aos cidadãos, argumenta Henrique Noya, diretor do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, na introdução do relatório.
Os organizadores salientam que o IDL utiliza os dados publicamente disponíveis oriundos de fontes oficiais, preferencialmente. Assim, os dados foram coletados em órgãos públicos, tais como Agência Nacional de Saúde (ANS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério das Comunicações, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério da Fazenda, Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Tesouro Nacional; em instituições acreditadas como Fundação Getulio Vargas (FGV), Pnud; e demais organizações do meio privado, como Serviço Nacional do Comércio, e Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
O desempenho da RMC entre as grandes
AMERICANA foi classificada entre as dez de melhor desempenho no ranking do IDL das vinte grandes cidades mais bem preparadas para o envelhecimento da população.
Em relação às variáveis componentes do índice, o documento esclarece que a cidade obteve melhor desempenho em termos de Indicadores gerais, especialmente em decorrência da reduzida frequência relativa de homicídios por arma de fogo, sendo uma das 25 menores entre as 280 avaliadas.
A variável Finanças também deve ser apontada como uma das que tiveram melhor desempenho em Americana, em consequência da reduzida parcela da população apontada como baixa renda (uma das 15 menores), além do nível de desenvolvimento social ser um dos 5 melhores entre as cidades avaliadas.
A respeito de Cuidados de saúde, a cidade tem a segunda maior quantidade de profissionais de psicologia e uma das maiores ofertas de hospitais com neurocirurgia. Contudo, pondera o estudo, merece atenção a classificação de Americana em termos de cobertura municipal do CAPS, assim como a oferta de leitos, nos quais não está entre as 100 mais bem avaliadas.
O bom desempenho em Finanças coloca CAMPINAS em 11º lugar no IDL, aponta a avaliação. A demanda por serviços financeiros faz a cidade ser caracterizada por ter a 6ª rede bancária entre as cidades Grandes, além de uma das 10 maiores arrecadações de tributos. O rendimento de pessoas idosas é um dos 15 maiores.
Além de Finanças, os indicadores de Habitação e Educação e Trabalho merecem destaque para o município. Campinas está entre as 10 cidades de maior oferta de instituições de longa permanência para idosos.
Em relação a aspectos que precisam ser trabalhados, o relatório aponta que o desempenho em Cuidados de saúde proporcionado em Campinas pode ser melhorado se for dedicada uma atenção especial a exames de mamografia, já que o município está ausente do conjunto de 200 cidades de melhor desempenho nesse indicador.
A respeito de Indicadores gerais, Campinas também não figura entre as 100 cidades de melhor desempenho, isso em consequência principalmente da relativamente elevada concentração de renda (entre as 50 mais concentradas das 280 cidades Grandes) e da ocorrência de acidentes de trânsito com mortes, estando Campinas fora do conjunto de 100 cidades mais bem avaliadas nesse quesito.
Entre as 300 maiores, as demais classificadas da RMC foram: Valinhos (57º lugar no IDL); Paulínia (64º); Indaiatuba (69º); Itatiba (85º); Hortolândia (131º); e Sumaré (169º).
O desempenho da RMC entre as pequenas
Entre as 40 pequenas cidades mais bem preparadas para a longevidade, de acordo com o levantamento, VINHEDO aparece na segunda colocação na edição do IDL 2020. A cidade tem seu destaque positivo em termos de bem-estar, com a segunda menor frequência de diversos tipos de violência. O município também está entre as 10 de melhor desempenho em Educação e trabalho.
A única variável em que Vinhedo teve mau desempenho no IDL 2020 foi Cuidados de saúde. Alguns dos indicadores que não apresentaram boa performance: oferta de leitos, cobertura de atenção psicossocial e número de médicos. Nas seis variáveis em que se destacou, há pontos de atenção para a cidade, tais como oferta de instituições de longa permanência para idosos (Habitação); renda da população idosa (Finanças); e concentração de renda (Indicadores gerais).
Na mesma categoria, JAGUARIÚNA ocupa a 24ª posição. De acordo com o relatório, o destaque positivo da cidade é a variável Cultura e engajamento, tendo em vista essencialmente a alta frequência de acesso a internet de sua população. É ainda uma das 20 cidades de maior desenvolvimento em termos de educação, considerando o conjunto das quase 600 cidades pequenas nesta edição do IDL, e também aparece como uma das 25 cidades de menor ocorrência de violência de tipos diversos.
Entretanto, o rendimento da população idosa em Jaguariúna foi identificado entre os 200 menos desenvolvidos entre as cidades pequenas. O documento acrescenta que o número de acidentes de carro envolvendo mortes em Jaguariúna é merecedor de política específica, pois a cidade não obteve resultados satisfatórios e, por fim, que os investimentos na cidade precisam ainda considerar questões relativas à infraestrutura disponível para cuidados de saúde.
Entre as 700 pequenas, as demais classificadas da RMC foram: Nova Odessa (45º lugar no IDL); Monte Mor (181º); e Cosmópolis (222º).
Contribuição aos futuros governantes
Henrique Noya lembra que o envelhecimento populacional é uma realidade no país e entende que o relatório do IDL, divulgado às vésperas das eleições, traz contribuições para que os líderes políticos e empresariais incluam em suas agendas ações para a promoção da longevidade com mais qualidade de vida nas cidades brasileiras.
“Com o IDL 2020, vamos colocar a promoção da causa da longevidade com qualidade de vida na agenda do desenvolvimento urbano do Brasil. Acreditamos que desenvolver projetos que ajudem nossos gestores públicos e privados a fomentar melhorias nas nossas cidades é um dos melhores caminhos para gerar bem-estar e aumentar, de fato, o potencial das cidades para atração de novos investimentos”, afirma ele no relatório.
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